quarta-feira, 2 de março de 2016

haikais

E deixava o mar
a canoa de saudade
amor que ancorava

                           Inverno no peito
                           mas a primavera sorri
                           só a dois passos

Sede saciada
presente do teu corpo
que me encantaria

                              Neva lá na serra
                              aqui só chove desamor
                              quanta aflição

                                                      Restava um dia
                                                      pra convencer o coração
                                                      prazo esgotado

   Tamborilo notas
   e não ouve a música
   não tem coração


                                                                     Na estrada triste
                                                                     lá está meu coração
                                                                     abatido, tão só

                            O coração pede
                             a razão não dá ouvidos
                             temporais da vida

                                                Um tanto devassa
                                                abandonei meus pudores
                                                e anoiteci nua

não era assobio
eram grilos que criquilavam
rompendo o silêncio

aprenderemos juntos

E porque sempre darei o melhor de mim, estarei em paz com meu coração e tudo estará em equilíbrio. O meu amor por você será justo. Vamos fazer planos e realizá-los juntos. Encontraremos juntos, um caminho para seguir e eu abrirei mão de alguns dos meus sonhos e você de alguns dos seus. Conheceremos muitos lugares bonitos e pessoas alegres que nos darão ainda mais momentos de prazer. Conversaremos sobre os nossos desejos e daremos prazer um ao outro. Seremos cúmplices, companheiros, mas cada um poderá ficar um tempo sozinho, se quiser, pra nunca descuidarmos de nós mesmos. Dividiremos as tarefas do dia a dia e teremos nossos segredos. Eu poderei ouvir aquela sua música favorita, mesmo que eu não goste e você lerá de vez em quando um poema meu. Cantarei uma música pra você e nem perceberá que desafino. Vou lhe perdoar se estiver de mau humor e espero que me perdoe quando eu estiver cansada, desanimada, precisando dormir. Prometo respeitar o seu espaço e os seus medos e seus gostos e seus sabores. Eu ouvirei seus problemas e lhe confortarei com um beijo e uma taça de vinho. Transformaremos os nós em laços. Vou lhe fazer rir de si mesmo e de mim também. Vez ou outra, quando eu estiver sozinha vou lhe mandar uma mensagem de amor, que você também o faça. De vez em quando, farei seu prato preferido, espero que também me surpreenda com algo que eu gosto. Eu vou estar sempre presente, mas estarei ausente, quando preferir. Serei eu mesma, mas sempre haverá um banco de jardim em que poderei me sentar ao seu lado para ouvir, ou ficar em silêncio. Eu regarei o amor todos os dias e serei forte quando a tempestade chegar, pois estarei pronta para secar suas lágrimas, num momento de dor. Também choraremos juntos de alegria. Capricharei sempre no visual para você sentir cada vez mais orgulho de estar ao meu lado. Nunca deixarei de comemorar suas vitórias, orgulhosa de seu sucesso. Espero que você vibre com as minhas também. Num dia, dançarei com você, no outro dançarei só pra você, sem ninguém mais por perto. Acreditarei na sua força e na sua coragem e se essa lhe faltar, estarei lá com um carinho pra não lhe deixar cair. Se eu desanimar, seja paciente e generoso, me ajude a me levantar. Eu jamais serei perfeita, espero que você também não seja. Peço que sempre me ensine algo, pois também tenho coisas para ensinar. Aprenderemos juntos. Será um bom começo, quando, enfim, nos encontrarmos.

sobre a casa que habita em mim (ref. à Mia Couto)

Minha infância foi muito simples. A casa era simples, quase não tinha móveis. A cozinha era grande, fogão à lenha, panelas de barro. As crianças de hoje nem imaginam o que é viver assim, sem recursos, roupas simples, de pé no chão de terra batida. Ao cair da noite, o luar sempre nos presenteava com seu azul; vagalumes também coroavam a noite e as cantigas de roda eram acompanhadas por sons de grilos e cigarras. Fui feliz, criada com muito amor. O que meus pais puderam me oferecer, foi o que havia de mais valioso neles: valores como humildade, lealdade, respeito, generosidade e coragem. Foi por causa deles que venci e conquistei vários dos meu sonhos. Quando adolescente, fazia planos, mas nunca quis muito. Queria o que não tinha tido: uma casa bonita, bem decorada, aconchegante, confortável; um bom emprego, uma boa formação, um carro. Desejos de toda jovem sonhadora. Graciosamente, a vida me presenteou com todos eles. Não foi sorte. Eu batalhei muito pra conseguir. A vida nem sempre foi fácil. São esses os valores que transmito a meus dois filhos. Realmente, não importa a casa onde moramos e nem é ela que molda o nosso caráter. A casa que habita em mim hoje é essa composição de lembranças e realizações, de reconhecimento pelos alicerces que moldaram não só a minha casa hoje, mas a minha vida, o meu caráter. É isso que eu sou: uma mistura de tudo que não tive e de tudo que conquistei. Com muito respeito a cada etapa, meu coração abriga gratidão pela estrada que percorri e pela que ainda percorro, porque nunca parei de sonhar... ainda tenho muito pra conquistar e a vida, generosamente, vai me oferecer mais.